17 agosto, 2011

Broas e Sequilhos, quem quer comprar?


PARELHAS EM MEMÓRIA

A história de vida e luta de ‘Dona Mocinha’

Ao chegar naquela casa, uma Senhora simpática aguardava numa cadeira de balanço. Sorridente, ela me pergunta: “Já veio aqui muitas vezes?”. Sim! Eu fui... Fui à procura daquela mulher que por muitos anos dedicou sua vida ao mercado, a famosa “feira” de sua cidade, fabricando suas broas e sequilhos, produtos conhecidos em todo lugar onde houver “Parelhense Ausente”, como ela mesmo revelou.

Dona Mocinha é a primeira personagem do espaço ‘Parelhas em Memória’. Por falar nisso, aproveito para quebrar um mito: ela revela que não é nascida aqui. Paraibana, da cidade de Nova Palmeira, veio para cá muito nova, com penas 14 anos e já casada com Sr. Antonio, e é isso que a faz se sentir daqui.

Nasceu em 1° de novembro de 1924, casou em 1938 e mudou-se da Paraíba para as terras Potiguares em 1939. Foram 14 filhos, destes apenas seis sobreviveram depois do parto. De coração generoso e insatisfeito por ter perdido parte dos filhos, adotou mais uma criança.

E foi acordando todos os dias às três da manhã para preparar o fogo do forno a lenha, que ela ajudou o marido, Antonio Ferreira de Souza, na criação de todos os seus filhos.

Sr. Antonio faleceu há 14 anos. Trabalhava vendendo rede na feira e ajudando a esposa no comercio. Dona Mocinha, como é conhecida, revela na entrevista, o quanto era difícil a luta no mercado antigo, logo no início da história de Parelhas: “Quando eu comecei, o mercado era um lugar pequeno e muito fraco. Parelhas era bem pequenininha. Mas, depois foi aumentando, fizeram o mercado novo e eu passei para lá. A vantagem já foi outra. O antigo era muito atrasado”.

PMP - O que você fazia no Mercado?

Dona Mocinha: Vendia café, bolo, comida... Mas, a broa e o sequilho eram muito conhecidos. De São Paulo para Brasília toda parte do mundo ia. Onde tivesse parelhense tinha que ter do meu sequilho e bolacha. Era muito vendido.Eu adorava o meu trabalho. Hoje eu estou muito triste, em tempo de me enterrar por conta da saudade que tenho, porque deixei. Muita saudade. Graças a Deus criei todos os meus filhos fazendo isso. Todos bem criados, bem vestidos, bem calçados.

PMP – E hoje, como você assiste o desenvolvimento da sua família?

Dona Mocinha: O prazer maior o mundo é assistir a formatura dos meus netos. Foi o maior prazer que eu tive, ver meu neto se formando em Natal. Com a força de Deus e do nosso trabalho, todos vão conseguir. Eu vou ajudar eles. Comecei muito criança trabalhando, para fazer todos eles na vida, todos! Meus filhos cresceram, se casaram. Eram 14, sobreviveram 6. Os que morreram eram todos bebes no tempo. Eu não aguentei e adotei mais um (RISOS).

PMP- E de que forma o seu marido ajudava?

Dona Mocinha: Meu marido era Antonio Ferreira de Souza. Sou viúva a 14 anos. Ele era fabricante de rede. Depois da fabrica de rede, que era na casa que fica em frente a que eu moro hoje, ele passou a comprar em grosso para vender. Ele me ajudava no comércio também. A gente era muito conhecido na feira.

PMP- A Senhora se sente Parelhense?

Dona Mocinha: Eu não sou daqui. Nasci em Nova Palmeira na Paraíba, mas me sinto Parelhense, pois cheguei aqui com 14 anos e hoje tenho 87. Toda a minha família é parelhense, e eu também sou! Tenho amor por essa cidade e pelas pessoas daqui. Gosto muito das pessoas daqui.  Eu fiz os Prefeitos daqui com as minhas mãos e o poder de Deus. Em quanto eu for viva, vou fazendo... Tudo era muito difícil naquele tempo. Parelhas era do tamanho de nada. E eu conheço essa cidade desde o início da minha vida.

A Prefeitura Municipal de Parelhas agradece e parabeniza Maria Rodrigues de Oliveira, Dona Mocinha, por sua bonita história de luta e pela contribuição dada ao Município.